ESBOÇO: GIDEÃO O VALENTE DE DEUS
TEXTO:
“Apareceu-lhe então
o anjo do Senhor e lhe disse: O Senhor é contigo, ó homem valoroso. Gideão lhe
respondeu: Ai, senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo nos sobreveio? e
onde estão todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não
nos fez o Senhor subir do Egito? Agora, porém, o Senhor nos desamparou, e nos
entregou na mão de Midiã.Virou-se o Senhor para ele e lhe disse: Vai nesta tua
força, e livra a Israel da mão de Midiã; porventura não te envio eu?Replicou-lhe
Gideão: Ai, senhor meu, com que livrarei a Israel? eis que a minha família é a
mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai.Tornou-lhe o Senhor:
Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como a um só homem.” Jz 6.12-16
INTRODUÇÃO:
No contexto
histórico registrado no livro de Juízes Israel estava vivendo uma situação
limite, desesperadora, sem esperança de dias melhores. Os filhos de Israel
fizeram o que era mau aos olhos do Senhor e, por isso, Deus os entregou nas
mãos de povos inimigos, especialmente os midianitas, por sete longos anos
conforme o capítulo 06.
Durante todo este
tempo, tudo o que Israel produzia e semeava os midianitas, os amalequitas e os
povos do oriente tomavam, ou destruíam. A nação ficava sem alimentos, sem
rebanhos, sem os frutos da terra, tudo era destruído, ou confiscado pelos
inimigos. A Bíblia diz que os inimigos vinham sobre Israel como gafanhotos, em
grande multidão e não havia como resistir.
O óbvio aconteceu:
Israel empobreceu muito, então os israelitas clamaram ao Senhor
desesperadamente por socorro, interversão e providência
Após o clamor Deus
enviou um profeta com um recado para Israel, que lembrava a eles todos os
milagres Dele, desde a saída do Egito e ao final consolou o povo e disse: “Eu
sou o SENHOR vosso Deus; não temais aos deuses dos amorreus, em cuja terra
habitais; mas não destes ouvidos à minha voz.”(Juízes 6:10).
Dito isso pelo
profeta à Israel, o anjo do Senhor se apresentou a um único homem israelita. O
anjo se sentou debaixo de um carvalho, nas terras que pertenciam a Joás, pai de
Gideão, que estava malhando o trigo no lagar, para salvá-lo dos midianitas.
Através de Gideão
Deus opera um grande livramento com poder e milagre, demonstrado o grande amor
e interesse em ajudar Seu povo.
DESENVOLVIMENTO:
1.
Homem valente ou homem tímido?
Os midianitas
oprimiram os israelitas por sete anos. Eles subiam cada ano e tomavam os
produtos alimentícios dos campos e todos os animais dos hebreus. Para
sobreviver, os israelitas escondiam alimentos do inimigo. Gideão estava
preparando comida para escondê-la quando o Anjo do Senhor apareceu. Imagine
este homem, trabalhando com medo do inimigo, quando ele ouviu as palavras do
Anjo: "O Senhor é contigo,
homem valente" (Juízes
6:12). Pela resposta de Gideão, parece que ele nem pensou no significado da
frase "homem valente". Ele entrou diretamente numa discussão com o
anjo sobre a presença de Deus. Ele não entendeu como Deus, estando com o povo,
deixaria Israel sofrer. Deus continuou a conversa, desafiando Gideão a resolver
o problema. Já que ele duvidou da presença de Deus, devia ir na sua própria
força (Juízes 6:14). Isso não! Gideão, agora, sentiu tão incapaz que procurou
uma saída da missão dada por Deus. Ele explicou que era uma pessoa pequena de
uma família insignificante de uma tribo pouco importante. Gideão não veio ao
Senhor como homem valente. Deus ia fazer dele um líder corajoso.
A força
verdadeira do servo do Senhor não vem de si mesmo, e sim de Deus. Ninguém é
forte o bastante para resolver seus próprios problemas sozinho, especialmente
quando falamos sobre nosso problema principal: o pecado. Dependemos de Deus e
de sua graça (Efésios 2:8-9). Paulo disse: "tudo
posso naquele que me fortalece" (Filipenses
4:13). Os homens valentes, hoje em dia, são aqueles que confiam no Senhor.
2. "Eu estou contigo"
Nas conversas
com Gideão, Deus afirmou sua presença repetidas vezes. Primeiro, ele afirmou
por palavras: "Já que
eu estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem" (Juízes 6:16). Segundo, ele
afirmou por sinais. Antes da primeira missão de Gideão, Deus lhe deu um sinal
impressionante. O Anjo do Senhor causou subir fogo para consumir a oferta de
Gideão. Enquanto pessoas faziam ofertas ao Senhor todos os dias, era muito raro
o próprio Senhor mandar o fogo para as consumir. Antes de sua segunda missão,
Gideão recebeu mais três sinais. Deus deixou o orvalho molhar uma porção de lã
sem molhar a terra em volta dela (Juízes 6:36-38). Na noite seguinte, ele fez
ao contrário, deixando a lã seca no meio de terra molhada (Juízes 6:39-40). Nas
vésperas da batalha, Deus permitiu que Gideão ouvisse uma conversa entre dois
soldados midianitas, confirmando a sua vitória iminente (Juízes 7:9-15).
Terceiro, Deus afirmou sua presença através de promessas cumpridas,
principalmente no livramento do povo pela mão de Gideão (Juízes 6:16; 7:7,22;
8:10-12). As demonstrações de Deus foram convincentes. Gideão foi convertido!
A maior bênção
imaginável é a presença do Senhor em nossas vidas. Quando Jesus veio ao mundo
para habitar ou fazer seu tabernáculo entre os homens (João 1:14), foi lhe dado
o nome Emanuel, "Deus conosco" (Mateus 1:23). No final da sua missão
terrestre, ele foi preparar um lugar para nós na presença de Deus (João
14:1-4). Ele prometeu fazer morada naqueles que o amam (João 14:23).
3. A missão começa em casa
Uma vez que
Deus chamou a atenção de Gideão, ele lhe deu a sua primeira missão: destruir os
ídolos do próprio pai e fazer um altar ao Senhor no mesmo lugar (Juízes
6:25-26). Gideão levou dez homens consigo e cumpriu o mandamento do Senhor na
mesma noite. Os vizinhos ficaram irados, mas o pai de Gideão entendeu o
significado de seu ato e o defendeu. Um "deus" que não consegue se
defender contra um punhado de homens não merece defesa pelos homens. Parece que
Joás, pai de Gideão, foi o segundo convertido nessa história.
A nossa
missão, como a de Gideão, começa em casa. Tanto no Velho como no Novo
Testamento, Deus destaca as nossas responsabilidades em relação à própria
família. Filhos devem obedecer e honrar aos pais (Efésios 6:1-3). Maridos e
esposas devem amar um ao outro (Efésios 5:25; 1 Pedro 3:7; Tito 2:4-5). Pais
devem instruir os filhos, criando-os na disciplina e admoestação do Senhor
(Deuteronômio 6:6-7; Efésios 6:4). Um dos alvos de cada servo de Deus é de
influenciar sua família para servir ao Senhor (Josué 24:15).
4. Deus dá a vitória
Chegou o dia
da grande batalha (Juízes 7). Gideão conduziu seu exército de 32.000 israelitas
para o campo de conflito contra 135.000 midianitas. Sua desvantagem militar era
de 4 contra 1! Deus não deixou Gideão entrar na batalha com este número de
soldados. Em duas etapas, ele diminuiu a força militar de Israel. Primeiro,
22.000 voltaram para casa, e os midianitas ficaram com uma vantagem de 13,5
contra 1. Na segunda etapa, Deus mandou embora mais 9.700 israelitas, deixando
Gideão com apenas 300 soldados. Para vencer o inimigo, cada soldado israelita teria
que vencer 450 do inimigo!
Deus, na sua
perfeita sabedoria, tinha um propósito bem definido nesta redução das forças
militares de Israel. Ele mandou seu exército à batalha com uma desvantagem tão
grande que ninguém poderia dizer: "A
minha própria mão me livrou" (Juízes
7:2). Usando uma estratégia que não fez nenhum sentido, em termos militares, a
pequena banda de israelitas venceu o exército dos midianitas.
Até hoje,
muitas pessoas não aprenderam esta lição. Confiam em números, achando que
grandes multidões são evidência da aprovação de Deus. Dependem de estratégias e
táticas humanas e carnais para alcançar alvos de crescimento de igrejas. E, no
fim, se gabam em seus relatórios, destacando os grandes feitos de homens.
Muitos missionários e outros líderes religiosos, como os midianitas, confiam
nos grandes números e nas táticas humanas (igrejas promovendo atividades não
espirituais para aumentar sua freqüência, ensinando mensagens diluídas que
parecem mais relevantes aos seus ouvintes carnais do que a mensagem da cruz,
destacando edifícios impressionantes para atrair pessoas que não aceitariam a
chamada simples de um Salvador humilde, etc.)
Mas, os
verdadeiros servos de Deus não desviarão para tais caminhos errados. "Assim diz o SENHOR:
Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o
seu coração do SENHOR!" (Jeremias
17:5). "Mas longe
esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual
o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo" (Gálatas 6:14). "Se Deus é por nós, quem
será contra nós?" (Romanos
8:31).
5. Rejeição daqueles que ficaram em cima
do muro
Gideão e sua
banda de homens cansados perseguiram os midianitas (leia Juízes 8:1-21). Quando
os soldados israelitas passaram nas cidades de Sucote e Penuel, eles pediram
pão. Os homens dessas cidades não mostraram coragem para tomar uma atitude
durante a batalha. Com medo de ofender os reis dos midianitas, eles recusaram
ficar em pé com os homens de Deus. Só depois da batalha, quando baixar a poeira,
apoiariam os servos do Senhor.
A decisão
desses homens mostrou uma preocupação política ao invés de convicção
espiritual. Pensaram mais na influência de homens importantes do que na palavra
do Senhor. Gideão não aceitou tal postura. Ele voltou às mesmas cidades e
castigou os covardes que recusaram apoiar os servos do Senhor na hora da
batalha.
Gerações
antes, Josué chamou o povo para tomar uma decisão para Deus e contra os falsos
deuses (Josué 24:14-16). Séculos depois, Elias desafiou o povo indeciso com
estas palavras: "Até
quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é
Baal, segui-o. Porém, o povo nada lhe respondeu" (1 Reis 18:21).
Hoje, muitas
pessoas religiosas que alegam ser discípulos de Cristo demonstram a mesma
covardia. Definem suas posições doutrinárias e práticas pelo vento de opiniões.
Entendem mais de IBOPE do que de fé, mais de tradição do que de verdade, e mais
de partidos do que de convicções. Paulo mostrou que o cristão deve sempre
definir a sua posição pela palavra de Deus, e não pela opinião da maioria: "Porventura,
procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a
homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo" (Gálatas 1:10).
6. Bons homens tropeçam
Apesar de sua
ilustre carreira militar, Gideão não era perfeito. O povo lhe agradeceu com um
presente: argolas de ouro do despojo da batalha. Gideão usou o ouro para fazer
uma estola sacerdotal que ele colocou na cidade dele. Não sabemos a intenção
dele, mas os resultados são evidentes. O povo usou aquela estola como um tipo
de ídolo, e logo iniciou o próximo ciclo de apostasia. Leia o relato em Juízes
8:22-35.
Devemos
aprender desse erro. Às vezes, bons homens nos ajudam a sair da confusão
religiosa, como Gideão ajudou os israelitas a saírem da idolatria. Esses homens
podem nos ajudar em muitos sentidos, mostrando como respeitar a palavra de Deus
em tudo que fazemos. Mas, eles ainda são homens. Da mesma forma que Gideão
tomou o primeiro passo de volta à idolatria, bons homens hoje podem tropeçar e
conduzir outros, de volta, à confusão religiosa. É uma ironia triste que, ao
longo da História, muitos movimentos religiosos que começaram com tentativas de
sair dos sistemas errados de denominações humanas resultaram na criação de
novas denominações, com suas próprias tradições e falhas humanas. O fato que
alguém nos ajudou no passado não garante que sempre nos conduzirá no caminho de
Deus. Paulo mostrou que bons exemplos ajudam somente quando seguem a Cristo (1
Coríntios 11:1), e disse: "Julgai
todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal" (1 Tessalonicenses 5:21-22).
CONCLUSÃO: A GRANDEZA DE GIDEÃO
Gideão será
lembrado eternamente como exemplo de fé (veja Hebreus 11:32). A grandeza desse
homem não se encontra na sua força física, nem na sua inteligência, nem na sua
auto-confiança. A Bíblia não comenta sobre sua aparência física nem sobre seu
jeito de falar. Gideão se destacou na História, não por ser um grande homem,
mas por ter um grande Deus. Deus é capaz de transformar os fracos, os tímidos e
os abatidos para dar grandes vitórias ao seu povo. Como Gideão disse: "O Senhor vos
dominará" (Juízes
8:23).
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