A Pregação e o Pregador
A crise teológica
enfrentada pela igreja contemporânea tem resultado em cristãos, outrora
sinceros e de boa vontade, agora frustrados em suas expectativas para com Deus
– falsas expectativas. A abordagem foco do neo pentecostalismo, a saber, dinheiro,
milagres e realizações pessoais, tem criado uma imagem deturpada do caráter e
propósitos do evangelho bíblico genuíno, que visa a salvação como princípio
fundamental de sua aplicação (Mt 6.33).
As igrejas
pentecostais, tradicionais e reformadas não estarão imunes à contaminação desse
pseudo-evangelho, a não ser que haja uma preocupação e um investimento na
pregação da verdadeira palavra de Deus, através da conscientização e da
formação de pregadores e professores “vacinados” contra as armadilhas
tentadoras dos pregadores da prosperidade e outros afins.
Ao tratar de
homilética, o objetivo último é desvencilhar os pregadores e aspirantes do
esteriótipo atual do pregador pentecostal, dedo em riste, voz trovejante e
ameaçadora, ou uma personagem teatral e artística. Há a necessidade da
naturalidade, simplicidade e humildade do pregador ideal aos propósitos
bíblicos: comunicar a verdade e não a si mesmo.
Tratando de
hermenêutica, o propósito é alicerçar o orador para que possa construir o
sermão sobre uma base consistente,
refugiando-se das armadilhas teológicas da atualidade.
Este trabalho não
visa ser um manual teológico e sequer esgotar o conteúdos das disciplinas de
teologia prática aqui abordados, mas servir de apoio para a prática da
pregação, atendo-se a assuntos que possibilitem este fim.
Que a simplicidade deste não sirva de limitação para o crescimento e
amadurecimento daqueles que dele buscam se beneficiar.
Parte 01 – Para quem pregar?
Para que a pregação cumpra a sua missão
principal, é de suma importância que o ouvinte esteja no centro do propósito do
pregador, no momento de escolher a temática, na abordagem, na escolha da
linguagem mais adequada até a conclusão da palavra. A pregação existe por causa
do ouvinte e não por causa do pregador. É necessário, então:
1. 1. Pregar para todos os ouvintes
Com exceção de
reuniões fechadas para grupos específicos, a igreja é frequentada por vários
tipos de pessoas, muitas delas não conhecedoras ou não convertidas ao evangelho
e que, em diversas situações, vêm à igreja em busca de uma resposta para seus
dilemas ou uma solução para os seus problemas.
Por um lado, Jesus
deve ser revelado como a solução, a resposta, o motivo e o alvo do ser humano;
por outro, não deve ser oferecido como o “produto” solucionador das mazelas
sociais e naturais do homem, pois essa não é a proposta última do evangelho. O
descrente precisa compreender e aceitar a mensagem central do evangelho, a
saber, a cruz de Cristo. Existe uma grande probabilidade de que o convertido
viva milagres no âmbito profissional, pessoal, familiar, conjugal e em todas as
áreas de sua vida, mas que o milagre não seja o motivo de aceitarem a fé, mas a
busca pelo Reino de Deus e de sua justiça (Mt 6.33).
Com foco nos
diversos ouvintes, o pregador deve ter o cuidado de não se dirigir à igreja
como se todos soubessem exatamente do que ele está falando, citando um número
interminável de versículos desconexos ou fazendo alusões à diversas passagens e
histórias bíblicas, pois o desconhecimento dos ouvintes dificultará a
compreensão e, embora o pregador possa sentir-se realizado com a sua atuação e
até mesmo ser reconhecido assim por alguns, o propósito fundamental de ensinar
e trazer crescimento não terá sido atingido.
1. 2. Levar em consideração as necessidades dos
ouvintes
Como visto acima, o
foco da pregação é o ouvinte, ou seja, as pessoas com as quais Deus espera
falar através da pregação. Sendo assim, o pregador será mais bem sucedido se
levar em consideração que as pessoas que estão presentes têm necessidades que
precisam ser supridas. A mensagem da Palavra de Deus não pode ser utópica,
levando a platéia ao êxtase ou a lugares imaginários, mas real, pois Deus é
real e o ouvinte espera e precisa encontrar respostas reais para situações
reais e o meio para chegar a estas respostas está revelado na Palavra de Deus.
Segundo Abraham
Maslow, as necessidades do ser humano estão dispostas em uma pirâmide em escala
de valores, ficando na base as necessidades mais fundamentais, que serão
buscadas em primazia, evoluindo até as necessidades intelectuais, culminado nas
necessidades de auto-realização.
Jesus pregava
sermões em casa, nos montes, nas sinagogas, sempre partindo do interesse e da
necessidade dos ouvintes (Lc 10.25,26; Jo 4.10; Lc 4.16-30)
1. 3. Escolher uma linguagem comum aos ouvintes
É sempre viável o
uso de uma linguagem simples, porém formal, evitando o excesso de termos
técnicos, palavras desconhecidas e em outros idiomas. Os originais da Bíblia,
por exemplo, tem muita valia para definir melhor conceitos teológicos e textos
de difícil interpretação, mas seu uso constante pode confundir ou mesmo cansar
os ouvintes que não estejam familiarizados. Da mesma forma, gírias ou termos
vulgares não convêm em uma apresentação formal da Palavra de Deus para o Povo
de Deus.
1. 4. Ser respeitoso e moderado para com os
ouvintes
O apóstolo Paulo em sua carta a Timóteo (1Tm
5.1,2) deixa o modelo a ser seguido no trato dos irmãos. Dedo em riste,
gritarias desenfreadas, palavras duras e ofensivas, obviamente não eram
características do estereótipo de pregador ideal para o apóstolo.
Usar o tom de voz
habitual, com amabilidade e respeito, escolhendo palavras doces, ainda que
exortativas (aos anciãos como a pais, às idosas como a mães) é a melhor forma
de ensinar e cuidar daquela por quem Cristo deu a sua vida – a igreja .
1. 5. Postura do pregador
Ao entrar na igreja
as pessoas esperam uma Palavra confortadora, um ambiente de paz e presença de
Deus. Esperam encontrar um ministro-sacerdorte de Deus que anuncie uma Palavra
inspirada e transformadora, que toque seu coração e mude sua vida. Esperam
encontrar nesse sacerdote uma pessoa amável, benevolente, que transmita a paz
que já encontrou naquele Deus que está sendo anunciado. Esperam encontrar a
formalidade conveniente a um lugar que pressuponha a presença de alguém tão
importante: o Criador do universo.
O que dizer se, ao
invés disso, for encontrado um homem esbravejando, com o dedo em riste? O que
pensar se esse homem parece em guerra com o microfone, gritando com ele? Se a
postura deste homem não demonstra nenhuma formalidade pela Presença que ele
anuncia? Se os gestos deste homem não denotam nenhuma compostura? Assim:
O pregador deve controlar seu tom de voz
O uso da voz é de
extrema importância para uma boa prédica. O tom habitual é o ideal a ser usado
para manter a naturalidade durante a pregação.
O volume deve ser
suficiente para todos ouçam e entendam, ou seja, não se deve falar baixo
demais, para não deixar de ser ouvido, e nem alto demais, para não deixar de
ser compreendido.
A voz deve mostrar
entusiasmo, alegria, convicção para que o intertesse do ouvinte seja
despertado. Ele se interessará por aquilo que o pregador se mostra interessado.
É importante que a
voz condiga com as palavras. Não se pode contar algo triste em tom de alegria e
satisfação, assim como não se conta algo alegre com voz triste e embargada.
O volume, o tom e a
velocidade da voz devem variar durante a mensagem, acompanhando o efeito real
que devem causar os diversos tipos de informações, afirmações e reflexões.
Fazendo assim, o orador evita que a mensagem se torne cansativa e enfadonha.
O pregador deve policiar seus gestos
Gesticular é
importante, pois o corpo todo deve ser usado na pregação, mas sem exageros. Os
gestos devem estar de acordo com o que está sendo dito. Gestos simples, como
levantar a mão ou erguer os olhos aos céus ao se referir a Deus ou sorrir ao
falar de algo que deva surtir alegria.
A cautela é
imprescindível. Andar de um lado para o outro, se coçar, ficar com as mãos nos
bolsos, usar o microfone para gesticular, afastando-o da boca e outros gestos
que o próprio bom senso pode revelar, além de serem deselegantes, acabam por
tirar a atenção do ouvinte daquilo que é realmente importante, a Palavra de
Deus.
O pregador deve controlar suas emoções
Os textos de
Eclesiastes 9.17 e 10.4 ensinam que a tranquilidade evita grandes erros.
O pregador que se
deixa levar pelas emoções está sujeito a comprometer o conteúdo da homília.
Discernimento e autocontrole são de extrema importância para que o orador se
deixe envolver pela presença do Espírito Santo e não por suas próprias emoções,
pois suas palavras podem ser precipitadas, impensadas e, pior de tudo,
irreversíveis, pois a palavra dita não pode ser recuperada.
É importante
ressaltar também que um pregador genuino da Palavra Genuína nunca se envolverá
com as práticas estranhas que têm tido lugar em alguns púlpitos da atualidade,
como soprar sobre a igreja, balançar paletós, exigir a presença de anjos,
deitar pessoas no chão e criar situações que mexam com o emocional dos
ouvintes.
O pregador deve se ater a pregar
O cristão
pentecostal tem o hábito de esperar que algo aconteça quando ele prega, como
algum tipo de manifestação por parte dos ouvintes, como gritos de concordância
e glorificação ou uma manifestação de línguas estranhas e dons espirituais.
De fato, a pregação
resulta da e na manifestação do Espírito que, em dados momentos, pode vir
acompanhada por dons espirituais ou glorificação e isso é excelente.
O erro comum é que o
orador assume o microfone com uma meta: causar uma manifestação na igreja,
direcionando todos os seus esforços para esse fim.
Quando a igreja se
reúne, seu propósto é cultuar ao Senhor, louvando, orando, testemunhando e
ouvindo Sua Palavra. A parte do pregador é, sob a inspiração do Espírito,
transmitir a Palavra. Se for a vontade de Deus que haja uma manifestação de
dons espirituais, que seja assim (At 10.44), porém, se Ele quiser que a igreja
reverencie em silêncio a ministração de Sua vontade, isso é igualmente
maravilhoso (At 20.9, 10). O pregador deve se ater a pregar. Se for desejo de
Deus, haverá uma manifestação sobrenatural ou mesmo milagres.
Parte 02 – O que pregar?
A resposta para esta
pergunta é simples e resumida: A Bíblia (2Tm 4.2). O cristão deve ler a Bíblia,
estudar a Bíblia, viver a Bíblia e pregar a Bíblia porque ela é a Palavra de
Deus.
O pregador não pode
substituir a Palavra de Deus por testemunhos pessoais ou ilustrações.
Informações adicionais podem ser úteis para corroborar o conceito que está
sendo pregado, mas a Bíblia não deve perder a primazia.
1. HERMENÊUTICA
Se é tão simples
assim, por que há tanta divergência entre as mensagens sendo pregadas?
A resposta está na
interpretação que se faz do texto bíblico. Pregadores distorcem textos
bíblicos, tirando-os de seu contexto original e usando deles para provar seus
próprios conceitos. Certa denominação dita evangélica convidava empresários
para uma reunião em busca de prosperidade financeira. Seu tema era “Vida
abundante” e o versículo usado como base era João 10.10.
A questão não é
discutir a possibilidade de que Deus opere milagres também na vida financeira.
É evidente que Ele opera. O problema está no uso de textos como este. A vida
que Jesus veio trazer é vida “zoé”, vida de Deus, vida espiritual como Deus a
tem, vida para pessoas que estavam mortas espiritualmente e agora, enxertadas
na videira, compartilham da seiva vital que provem dela. Não há promesa de
riqueza ou abundância financeira neste texto, basta ler os versículos que
antecedem e sucedem.
Para não cometer
tais distorções e evitar possíveis erros, é necessário a observação das regras
hermenêuticas, ou seja, as regras de interpretação do texto bíblico. A
hermenêutica é a ciência, arte e técnica de interpretar corretamente a Palavra
de Deus. A regra fundamental da hermenêutica bíblica é:
A Escritura Sagrada interpreta a si mesma.
O primeiro a transgredir a regra mais básica da interpretação bíblica
foi Satanás, distorcendo o significado das palavras de Deus, omitindo parte do
conteúdo e citando apenas o que lhe convinha.
Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o
SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não
comereis de toda árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das
árvores do jardim comeremos, mas, do fruto da árvore que está no meio do
jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais.
Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe
que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como
Deus, sabendo o bem e o mal.
Gn 3.1-5
Ao se deparar com interpretações diferentes ou contraditórias, o
intérprete deve buscar o texto na Bíblia, tendo a regra fundamental como norte
para sua averiguação da veracidade do significado do texto. Pedro ensina que
nenhuma escritura é de particular interpretação (2Pe 1.20), ou seja, a Bíblia
interpreta a própria Bíblia.
Partindo desta regra, há cinco regras básicas e indispensáveis para a
interpretação de todo e qualquer texto bíblico:
1ª Regra:
Enquanto for possível, é necessário tomar as palavras no seu sentido
usual e ordinário.
Exemplo 1:
Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe
puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e
os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares. Sl 8.6-8.
A quem este texto se
refere ao falar de ovelhas e peixes? Aos crentes como ovelhas e aos que forem
evangelizados como peixes? De forma alguma. Esse é um tipo de erro comum que
pode ser evitado se a primeira regra for respeitada: Ovelhas são ovelhas e
peixes são peixes, simplesmente.
Exemplo 2:
Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois
te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado
no inferno. Mt 5.29
Uma interpretação
errônea deste texto geraria um sério problema teológico. Jesus não está
sugerindo a automutilação, mas usando um modo próprio de expressão do idioma
original, está enaltecendo a vantagem de sacrificar algo valioso com o objetivo
de obedecer à vontade de Deus.
2ª Regra:
É absolutamente necessário tomar as palavras no sentido que indica o
conjunto da frase.
É necessário indagar
qual o pensamento do autor para determinar o sentido correto que a palavra
assume dentro de uma frase, pois, tanto na Bíblia quanto em qualquer outra
literatura, o sentido das palavras muda de acordo com a frase em que estão
inseridas.
Por exemplo, o significado assumido pela palavra Sangue nos diversos
textos bíblicos (o aluno pode repetir o versículo substituindo a palavra sangue
pela palavra proposta para facilitar sua compreensão):
Sangue = percepção humana:
Mt 16.17: Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas,
porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.
Sangue = pessoa:
Mt 27.4: Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam:
Que nos importa? Isso é contigo.
Sangue = assassinato:
Mt 27.6: E os principais sacerdotes, tomando as moedas, disseram: Não
é lícito deitá-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue.
Sangue = culpa:
Mt 27.25: E o povo todo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre
nossos filhos!
ü Sangue = sangue:
Jo 19.34: Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo
saiu sangue e água.
3ª Regra:
É necessário tomar as palavras no sentido que indica o contexto, isto
é, os versos que precedem e seguem o texto que se estuda.
Quando a frase ou
versícilo não são suficientes para definir o significado do termo, deve-se
recorrer aos versículos que antecedem ou sucedem o trecho bíblico.
Mistério de Cristo:
Ef 3.4: pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento
do mistério de Cristo
A que mistério Paulo
estaria se referindo? Haveria a possibilidade de que Paulo soubesse coisas a
respeito de Cristo que não registrou na Bíblia? Com base neste texto, o
pregador poderia incentivar os irmãos a orarem em busca da revelação deste
mistério? A análise dos versículos que antecedem e sucedem este trecho revela
que não:
Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor
de vós, gentios, se é que tendes ouvido a respeito da dispensação da graça de
Deus a mim confiada para vós outros; pois, segundo uma revelação, me foi dado
conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente; pelo que, quando
ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo, o qual, em
outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora,
foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito, a saber, que os
gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa
em Cristo Jesus por meio do evangelho; Ef 3.1-6
O texto na íntegra
revela que o mistério nada mais é do que a participação dos gentios na Nova
Aliança em contraste com a Antiga.
Amo aos que me amam:
Pv 8.17: Eu amo os que me amam; os que de madrugada me procuram me
acham.
Com base neste
texto, é possível dizer que Deus não ama aos pecadores que vivem distantes de
sua presença? E quanto a dizer que Deus ama o mundo (Jo 3.16)? Ou o texto que
diz que Deus é amor (1Jo 4.8)? Será que há limites para o amor de Deus? É
verdade que Deus prefere as orações feitas de madrugada do que em qualquer
outro horário?
Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e disponho de conhecimentos e
de conselhos. O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a
arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço. Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria, eu
sou o Entendimento, minha é a fortaleza. Por meu intermédio, reinam os reis, e
os príncipes decretam justiça. Por meu intermédio, governam os príncipes, os
nobres e todos os juízes da terra. Eu amo os que me amam; os que de madrugada
me procuram me acham. Riquezas e honra estão comigo, bens duráveis e justiça.
Pv 8.12-18.
O contexto revela
que o texto citado sequer se refere a Deus, mas à sabedoria. Esta sim, só ama
os que a amam e só é achada por aqueles que passam as madrugadas estudando e
meditando para adquiri-la. Deus ama a todos e ouve as orações realizadas em
qualquer hora e lugar.
A regra do contexto
não se limita aos versículos ou mesmo ao capítulo que está sendo analisado,
pois este pode não ser suficiente para esclarecer o seu sentido. Assim, a regra
do contexto é gradativa: Palavra – Frase – Capítulo – Livro - Bíblia
4ª Regra:
É preciso tomar em consideração o desígnio ou objetivo do livro ou
passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras.
Para compreender o
desígnio ou objetivo do livro, deve-se estudá-lo e analisá-lo exaustiva e minuciosamente,
considerando a época e o contexto de sua escrita. Algumas vezes o objetivo do
livro está expresso em seu próprio texto: Pv 1.1-4; Jo 20.31; 2Pe 3.2.
Determinar o
objetivo do livro elimina aparentes contradições e facilita o exegeta a pensar
como o escritor, olhando na mesma direção, facilitando a interpretação.
Por que João parece
tão diferente de Lucas ao contar a mesma história? Porque o objetivo de João
não era fazer uma acurada investigação dos fatos como Lucas (Lc 1.1-4) para
possível comprovação histórica, mas mostrar para os crentes a verdadeira
identidade do Senhor Jesus (Jo 20.31) e tudo o que ele escreve visa o
cumprimento deste objetivo. Assim, ao ler Lucas, o intérprete terá em mente sua
dedicação por detalhar fatos para alguém que, provavelmente, não conhecia a
história de Jesus, mas quando ler João, pensará em um livro que visa mostrar a
verdadeira personalidade do Cristo e causar um efeito vivificador nos leitores
cristãos.
5ª Regra:
É indispensável consultar as passagens paralelas explicando as coisas
espirituais pelas espirituais.
O intérprete deve
consultar as passagens bíblicas que fazem referência umas às outras, possuem
alguma ligação entre si ou tratam do mesmo assunto. Há três classes de
paralelos:
1. Paralelos de palavras
Quando é feita uma
busca de determinada palavra em outros textos para explicar seu significado no
texto estudado.
Davi
Atos 13.22: E, tendo tirado a este, levantou-lhes o rei Davi, do qual
também, dando testemunho, disse: Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o
meu coração, que fará toda a minha vontade.
Com base neste
texto, é possível admitir que Deus aprovou todos os atos de Davi? E quanto ao
adultério, à poligamia, ao homicídio e outros erros que Davi cometeu? Para
solucionar esta dificuldade de interpretação é necessário fazer uma consulta a
outros textos bíblicos que falem a respeito de Davi.
1Sm 2.35: Então, suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá
segundo o que tenho no coração e na mente; edificar-lhe-ei uma casa estável, e
andará ele diante do meu ungido para sempre.
Este texto mostra
que Davi foi um homem segundo o coração de Deus em sua missão de rei-sacerdote,
a qual cumpriu muito bem. O texto de 1Samuel 13.14 confirma esta verdade.
1. Paralelos de idéias
A pedra fundamental
Mt 16.18: Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Com base neste
texto, é possível admitir que o apóstolo Pedro é a pedra sobre a qual a igreja
está edificada? Não seria muito perigoso que Jesus tivesse estruturado sua
igreja sobre um homem de Deus, porém limitado e sujeito a errar? Uma análise a
respeito dessa idéia, ou seja, da idéia de haver uma pedra fundamental
esclarece a questão.
Em Mateus 21.42,
Jesus é a pedra angular. Em Efésios 2.20,21, Jesus é a Pedra sobre a qual os
apóstolos, dos quais Pedro era um, trabalharam na edificação da igreja. Paulo
afirma em 1Co 3.10,11 que Jesus é o único fundamento e que outro não pode ser
posto. Por fim, o próprio Pedro diz em sua carta que Cristo é a Pedra.
1Pe 2.4-8: Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim,
pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como
pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo,
a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio
de Jesus Cristo. Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra
angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum,
envergonhado. Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas,
para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a
principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os
que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.
Logo, a obscuridade
e dificuldade de interpretação de um único texto isolado – Mateus 16.18 – são
esclarecidas por inúmeros textos bíblicos que apontam Jesus como única Pedra
angular.
1. Paralelos de ensinos
gerais
Algumas questões de
difícil interpretação devem ser analisadas de acordo com os ensinos gerais da
Bíblia. Por exemplo, Deus é descrito como Onisciente, Onipotente,
Transcendente, Espírito Perfeito, mas há textos que descrevem Deus como
características de homem, limitando-o a tempo, lugar, espaço, etc. Para
compreender este tipo de aparente contradição, leva-se em consideração os
ensinos gerais da Bíblia. Apesar de ser uma obra inspirada por Deus, ela foi
escrita para seres humanos, e revela Deus de modo que os seres humanos o possam
compreender. Assim, quando há referência a Deus de maneira limitada, não se
deve esquecer que faz parte daquela passagem isolada, sendo o ensino geral o
que deve prevalecer para formulação de conceitos teológicos.
2. EXEGESE
Exegese é um termo técnico teológico empregado para definir o trabalho
de exposição de um texto bíblico. A palavra exegese deriva do grego exegeomai,
exegesis; ex tem o sentido de ex-trair, ex-ternar, ex-teriorizar, ex-por; que
tem o objetivo de conduzir, guiar. Para os gregos, os exegetai eram os
intérpretes e expositores oficiais da lei sagrada. O termo exegese firmou-se
mundialmente a partir do século XIX, indicando a atividade teológica de expor um
texto da Bíblia.
O texto bíblico apresenta-se numa língua estrangeira (hebraico,
aramaico ou grego) e inserido numa cultura, história e contexto social
totalmente diferentes da realidade brasileira.
A fim de uma exposição objetiva, é necessário interpretar o texto no
horizonte de seu autor, com seu contexto e sua cultura, para depois aplicá-lo
ao horizonte do ouvinte do século XX. Todos os textos bíblicos têm suas
características específicas, dadas por Deus. É evidente que as expressões
paulinas predominantes não são as mesmas usadas por Pedro, João ou Tiago; que a
literatura poética é diferente da profética e que o texto de Gênesis difere de
Samuel, embora ambos os livros façam parte dos registros históricos. O
intérprete deve reconhecer e descobrir as características específicas de
qualquer texto bíblico, vencer a barreira cultural e descobrir o cerne do
texto, superando os preconceitos e suposições individuais a fim de expô-lo de
maneira fiel e objetiva, conforme as necessidades da igreja.
Passos para desenvolver a arte da exegese bíblica
Por Hans Ulrich Reifler
1. Ler o texto em voz alta
repetidas vezes comparando diferentes traduções (Dr. Campbell Morgan costumava
ler pelo menos 50 vezes a passagem que pretendia expor);
2. Reproduzir o texto com
suas próprias palavras sem o auxílio da Bíblia;
3. É importante distinguir o
contexto imediato (dentro do mesmo capítulo) do contexto remoto (dentro de
alguns capítulos ou até do livro inteiro).
4. Verificar a forma
literária do texto (história, milagre, parábola, ensino, advertência, promessa,
profecia, testemunho, oração, introdução etc.) e estruturá-lo (Ef 1.1-2; 15-23;
Lc 4.38-39).
5. Determinar o significado
exato de cada palavra básica, com sua origem e seu uso pelo autor e no restante
do testemunho bíblico (Rm 3.21-31; 5.1).
6. Anotar peculiaridades do
texto (palavras que se repetem, contrastes, seqüências, conclusões, perguntas,
teses) e fazer uma comparação sinótica, caso o texto pertença aos evangelhos.
7. Pesquisar as
circunstâncias históricas e culturais (época, país, povo, costumes, tradição Ap
19.15).
8. Elaborar as mensagens de
cada versículo ou termo principal por meio de versículos paralelos (em palavras
e assuntos), de seu núcleo, de sua relação com a história da salvação, de
perguntas didáticas (quem, o que, por que etc.) e de comentários bíblicos,
léxicos, dicionários e manuais bíblicos (e. g., Mt 12.38-42).
9. Estruturar o texto
conforme seu conteúdo principal e organizador e suas seções secundárias (e. g.,
Lc 19.1-10).
10. Resumir o trabalho exegético feito até este ponto, identificando o
assunto mais importante.
Exemplo: Mateus 9.9-13
1. Após ter lido o texto
várias vezes e comparado suas palavras com versões bíblicas diferentes, resuma
a impressão geral do trecho.
1. Qual o contexto dessa
passagem?
a) contexto imediato de
Mateus 9
b) contexto do evangelho de
Mateus (os capítulos anteriores e posteriores)
c) contexto remoto do livro
inteiro (a estrutura do evangelho de Mateus)
1. Como esse texto poderia
ser estruturado?
2. Faça uma comparação
textual com várias versões bíblicas, anotando as diferenças.
1. Faça uma comparação
sinótica desse texto para descobrir a cronologia dos acontecimentos, o material
peculiar e os trechos omissos de cada um dos evangelistas.
a) material peculiar de
Mateus
b) de Marcos
c) de Lucas
d) material omisso de Mateus
e) de Marcos
f) de Lucas
g) a cronologia sinótica
h) resumo em uma só versão
1. Explique os costumes
alfandegários romanos.
2. Qual era a relação entre
judeus em geral e os publicanos e pecadores?
3. Qual era a atitude de João
Batista frente aos publicanos e pecadores?
4. Como Jesus Se relacionava
com os publicanos e os pecadores?
5. 10. Quem eram os fariseus (origem, atitudes,
crenças, posição)?
11. Por que os fariseus opuseram-se a Jesus (v. 11)?
12. Fale sobre Cafarnaum (lugar, origem, significado, tamanho,
importância).
13. Quem era Mateus (ou Levi; ligações familiares, profissão,
religião, características, menção nos evangelhos)?
14. No versículo 9, qual o significado do verbo ver, empregado por
Jesus, em relação à vocação de Mateus? Será que os autores dos demais
evangelhos usam esse verbo em outras circunstâncias?
15. Quais as conseqüências implícitas do ato de seguir a Jesus?
a) conforme Lc 5.28
b) conforme Mt 19.21
c) conforme Lc 19.1-10
16. Segundo os versículos 10 e 11, quais os motivos de Mateus ao
convidar Jesus à sua própria casa?
17. Por que os judeus consideravam os publicanos e pecadores
indivíduos de segunda classe?
18. O que significa a frase: ... come o vosso Mestre com os publicanos
e pecadores?
19. Como Jesus descreve Sua missão nos versículos 12 e 13, e qual seu
significado?
20. Por que Jesus citou Oséias 6.6?
21. Quais as diferenças entre Oséias 6.6 e sua citação feita por
Jesus?
22. Em que e por que revela-se na ação de Jesus a misericórdia divina?
23. Quais as implicações do fato de chamar os pecadores?
24. Será que os fortes e justos não precisam da misericórdia divina?
(Consulte alguns comentários).
25. Qual a origem, o significado e o uso do termo bíblico
misericórdia?
3. TEMAS PARA A PREGAÇÃO
Conhecer as regras
hermenêuticas não é o suficiente para que o pregador alimente de forma saudável
o rebanho de Cristo. De posse da Bíblia e do material nececessário para usá-la,
o que pregar? Que alimento servir para a igreja? Que texto bíblico escolher ou
sobre qual assunto falar?
Mensagens que
enalteçam o valor do ser humano, prometam dispendiosas vitórias e alegrem a
“platéia” têm figurado como atração principal nos púlpitos. Mas, a despeito do
que está fazendo sucesso ou vendendo mais, o propósito aqui é formar uma
consciência pastoral como a de Jesus, ou seja, que vise o bem real do ser
humano e não a sua satisfação pessoal momentânea.
Pregações que abordem a
salvação, a graça, a misericórdia, a moralidade, a santidade, o crescimento, a
vida devocional, o suportar o sofrimento, a perseverança, a fé, os males do
pecado, vida familiar e social e inumeráveis afins são sempre de grande valia
para a igreja, pois embora nem sempre sejam os “pratos prediletos” dos
ouvintes, são os que proporcionarão crescimento saudável para as suas vidas
espirituais. A Deus a glória e à igreja um desenvolvimento espiritual com base
sólida.
Outros detalhes para os quais os pregadores
devem estar sempre atentos:
O pregador deve conhecer as necessidades de sua igreja, como perdas,
dificuldades, realizações, questões administrativas e problemas de
relacionamento, para que no uso da Palavra de Deus ilumine os caminhos que
levem ao consolo, solução, gratidão ou reconciliação necessários.
Deve manter-se bem informado, não deve ser alienado.
Deve conhecer os assuntos que estão em pauta na mídia para esclarecer,
defender, apoiar ou exortar à igreja quanto a uma postura correta a respeito,
nunca se deixando levar pelo marketing ou superstições populares, mas sendo
moderado e sóbrio em suas conclusões.
Deve conhecer a realidade social a nível municipal, estadual, nacional
e mundial.
Parte 03 – Como pregar?
1. HOMILÉTICA
Como disciplina
teológica, a homilética pertence à teologia prática. O termo tem suas raízes em três palavras gregas:
Ø Homilos: "multidão", "turma", "assembléia
do povo" (At 18.17);
Ø Homilia: "associação", "companhia" (1 Co 15.33);
e
Ø Homileo: "falar", "conversar" (Lc 24.14s.; At
20.11,24.26).
A arte de falar em
público nasceu na Grécia Antiga com o nome de Retórica. O cristianismo passou a
usar esta arte como meio da pregação, sendo denominada Homilética a partir do
século XVII.
As disciplinas que
mais se aproximam da homilética são a hermenêutica e a exegese. Enquanto a
hermenêutica é a ciência, arte e técnica de interpretar corretamente a Palavra
de Deus, e a exegese a ciência, arte e técnica de expor as idéias bíblicas, a
homilética é a ciência, arte e técnica de comunicar o evangelho. A hermenêutica
interpreta um texto bíblico à luz de seu contexto; a exegese expõe um texto
bíblico à luz da teologia bíblica; e a homilética comunica um texto bíblico à
luz da pregação bíblica. A homilética depende amplamente da hermenêutica e da
exegese.
2. A NECESSIDADE DA HOMILÉTICA
A palavra de Deus
afirma que "a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus” (Rm 10.17). É
missão de todo cristão anunciar o evangelho. A preocupação principal não está
no anúncio cotidiano que o cristão faz de sua fé pessoal em Deus, pois, embora
haja a necessidade de uma base bíblica para este anúncio, o pregador formal, o
homem do púlpito é quem deverá compartilhar esta base com os ouvintes que
levarão o que aprenderam para o seu dia a dia. Assim, é de suma importância
identificar os problemas que atrapalham a pregação.
Segundo Reifler, as
dificuldades mais comuns da pregação bíblica encontram-se nas seguintes áreas:
Falta de preparo adequado do pregador.
A pregação pobre costuma ter sua
raiz na falta de estudo do orador. Muitos julgam ter condições de preparar uma
mensagem bíblica em menos de seis horas, sem o árduo trabalho exegético e
estilístico. Pensam que basta ter um esboço de três ou quatro pontos para
edificar a igreja.
Falta de unidade corporal na prédica.
A mensagem que
consiste numa mera junção de versículos bíblicos, às vezes até desconexos,
pulando de um livro para outro, sem unidade interior, sem um tema organizador
levam o ouvinte a depreciar até a mais correta exposição da Palavra de Deus.
Falta de vivência real do pregador na fé cristã.
Uma vida que não
condiz com a mensagem pregada é um perigo mortal para o pregador (1 Co 9.27).
Outro fato é que o
pregador talvez esteja vivendo em santificação, mas, ainda assim, quando suas
mensagens são apresentadas de forma muito teórica, empregando termos técnicos,
latinos e gregos que o povo comum não entende, elas se tornam enfadonhas. No
fim do culto, o rebanho admite que seu pastor falou bem e bonito, mas se queixará
de não ter entendido nada.
Falta de aplicação prática às necessidades existentes na igreja.
Muitas mensagens são
boas em si mesmas, mas se tornam pobres na prática, na edificação do povo de
Deus. Constituem verdadeiros castelos doutrinários, mas não mostram como
colocar em prática, de maneira viável, o ensino da Palavra de Deus.
Falta de equilíbrio na seleção dos textos bíblicos.
A maior parte das
Escrituras foi praticamente abandonada na pregação eficiente do evangelho. Mais
de 95% dos sermões evangélicos pregados no Brasil baseiam-se no Novo Testamento
e, em geral, limitam-se a textos evangelísticos, tais como: Lc 19.1-10; Jo
1.12; 3.16; 14.6; Rm 8.28; 2 Co 5.15-21.
Falta de prioridade da mensagem na liturgia.
A igreja não deve
usar todo o tempo do culto em apresentações musicais e testemunhos, mas deve
dedicar um período prioritário para a pregação da palavra de Deus,
característica principal do culto. Números especiais bem ensaiados, testemunhos
autênticos, avisos, tudo isso é útil e necessário, desde que em seu devido
lugar. Os cultos não podem se tornar festivais de música popular ou reuniões
para avisos, mas sim, encontros com Deus em Sua palavra. Lutero era muito
enfático em afirmar que, onde se prega a palavra de Deus e são ministrados o
batismo e a ceia, é ali que se encontra a verdadeira igreja.
Falta de um bom planejamento ministerial.
O bom pregador deve
fazer um planejamento, incluindo mensagens para os dias especiais (Natal,
Páscoa, aniversário da igreja etc.). Dessa forma, ele alimentará o rebanho com
uma dieta sadia e balanceada.
Envolvimento emocional na exposição da Palvra
Certo pregador em Angola, inconscientemente, revelou problemas
emocionais, por ler errado e interpretar mal a frase em 1 Coríntios 7.9. Ao ler
o versículo, ele passou a tratar com severidade a "prática moderna"
de rapazes e moças que andavam de mãos dadas ou abraçados. "A Bíblia
condena todo tipo de abraço", ele exclamava. Sua mente perturbada, que se
colocava contra todo tipo de contato social entre jovens, possibilitou que ele
"visse" no versículo um favorecimento desta convicção. Um preconceito
cultural, emocional e espiritual fez com que ele visse um "c cedilha"
no verbo "abrasado", em lugar do "s". Ele concluiu que todo
abraço entre amigos era pecaminoso, apesar de o versículo declarar simplesmente
que "é melhor casar do que viver abrasado". (extraído do livro de Karl Lachler).
Reifler cita, ainda,
outros motivos que resultam em problemas para a homilética. Além das
dificuldades já mencionadas, deve-se ter em mente que a pregação vem sendo
desvalorizada pela secularização que atinge as igrejas. Muitas famílias
preferem assistir a um programa de TV, em vez de ouvir uma mensagem
simplesmente exortativa e moralista.
Há ainda a questão
da grande diversidade de igrejas e pregadores evangélicos, o que facilita à família
recém-chegada optar entre o pregador eloqüente e popular e a igreja com status.
Além disso, o estresse do dia-a-dia faz com que, mesmo no domingo, não haja
mais o sossego necessário para reflexões espirituais profundas.
3. A ESTRUTURA DO SERMÃO
A estrutura do sermão é decisiva para o impacto que a mensagem causará
(ou não) no ouvinte. Na estrutura do sermão, são estudados os princípios da
elaboração formal ou esquematização do sermão. A atenção volta-se para o
título, a introdução, as proposições, o esboço, as discussões e ilustrações, as
aplicações e, finalmente, para a conclusão.
O Título
O título da mensagem especifica o assunto sobre o qual o pregador irá
falar. Por exemplo, em uma mensagem baseada em João 15.1-8 o assunto é a videira
verdadeira, mas o título da mensagem será mais específico, por exemplo, "a
vida frutífera do cristão" ou "como o cristão pode ter uma vida
frutífera".
O título da mensagem deve ser elaborado ao fim da preparação, a não
ser que se trate de uma mensagem tópica.
A definição do título deve ser clara e compreensivel, pertinente ao
texto bíblico e relacionado ao assunto. Pode ser uma afirmação, uma pergunta ou
mesmo parte do versículo.
A introdução
Na introdução o pregador deve “conquistar” os ouvintes para
queparticipem com ele da mensagem, despertando o interesse. Deve ser planejada
e memorizada, pois dá ao pregador segurança, tranquilidade e liberdade no momento de discorrer o assunto.
É importante usar de simpatia, mostrar certeza do que está falando
para ter a confiança dos interlocutores e mostrar a necessidade que eles têm de
ouvir o que será dito. Além disso, deve dar um vislumbre do assunto que será
tratado para todos possam se localizar, encontrar um ponto em comum com o
orador e deste ponto partirem juntos para a pregação.
A proposição
Apresentação das verdades doutrinárias, éticas e espirituais da
Bíblia, que direcionem e estimulem o ouvinte a aceitá-las e aplicá-las em sua
vida.
Todos pecaram
O homem natural não pode compreender as coisas espirituais
A salvação ocorre apenas pela graça de Deus em Cristo
A Bíblia é a Palavra de Deus
A adoração deve ser em Espírito e em Verdade
A santificação só será completa na eternidade, etc.
A proposição é resultado de um trabalho exegético bem feito, através
da leitura, oração e meditação. Quanto maior for o empenho do pregador em
exegese, mais desenvolvidas e amadurecidas serão as proposições para ele,
levando a progredir em maturidade. As palavras-chave de um texto bíblico ajudam
a chegar às proposições.
O esboço
Tratar de esboço não significa
necessariamente esboçar a pregação em papel, pois isso é algo pessoal de cada
pregador. Existem regras e técnicas para este trabalho, mas isso não elimina a
arte que é a elaboração de um esboço. As técnicas, portanto, podem ser
aperfeiçoadas e amadurecidas pelos estudantes de homilética.
Dominar esta técnica
exige tempo, dedicação, conhecimento, estudo exegético, psicológico e gramatical.
O número de tópicos
é definido nessa parte da preparação. Três é um número comumente usado, mas não
é regra, cabendo ao pregador decidir usando o bom senso, levando em conta o
tempo disponível, o tipo de ouvinte, o ambiente, etc. Entre dois e cinco
tópicos é uma amplitude aconselhável.
Os tópicos podem ser
subdivididos, mas a idéia é a mesma, não devendo se tornar cansativo ou prolixo
com um número excessivo de subdivisões.
A preparação prévia dos tópicos de uma mensagem evita que o pregador
siga uma linha de raciocínio diferente do planejado, perdendo o sentido da
mensagem e não atingindo o objetivo ou que se torne repetitivo na apresentação
dos argumentos.
É importante que a ordem adotada para os tópicos, além de respeitar o
tema, seja evolutiva, seja em grau de relevância, seja acrescentando verdades
ausentes no tópico anterior ou argumentos em sua defesa. Além disso, os tópicos
devem ser individuais. Não se deve repetir no terceiro os argumentos do segundo
usando outras palavras. Cada tópico deve ser uma parte distinta e
interdependente do sermão que é o todo. Este é um erro comum em pregadores
iniciantes. Em muitos casos, o próprio texto bíblico oferece um esboço natural
para o sermão.
A discussão
A elaboração e redação do sermão (latim: elocutio) merece diligência,
exatidão e tempo do pregador. Um tema interessante e um bom esboço não são
suficientes para garantir um fluxo agradável de pensamentos na mensagem. A
questão do estilo é negligenciada por muitos pregadores e, por isso, a mensagem
torna-se enfadonha, complexa e desordenada. O estilo fraco do pregador é capaz
de destruir suas melhores idéias.
Os aspectos a seguir ajudam a melhorar as discussões da prédica:
Unidade de pensamento vista em todas a partes do sermão;
Uso de frases devem ser breves e claras;
A sintaxe, as palavras, o linguajar e o estilo têm de ser simples;
A vitalidade e a variedade no estilo, tom de voz, gestos, etc;
Apenas a verdade deve ser pregada;
As ilustrações
Ilustrar significa tornar claro, iluminar, esclarecer mediante um
exemplo. Existem formas variadas de ilustração. Ela pode ser: pessoal, é usada
uma experiência pessoal para ilustrar um princípio bíblico; histórica, quando
se emprega um incidente histórico para exemplificar uma verdade bíblica;
literária, quando um escritor é citado para ilustrar uma verdade moral;
técnica, quando se explica um processo técnico, industrial ou agrícola;
científica, quando se refere a assuntos biológicos, químicos ou psicológicos;
analógica, metafórica, alegórica ou parabólica, quando são empregadas figuras
de retórica.
O bom uso da ilustração desperta o interesse, enriquece, convence,
comove, desafia, estimula o ouvinte, valoriza e vivifica o sermão, além de
relaxar o pregador. É bom lembrar que a ilustração nunca substitui o argumento
bíblico fundamentado na Palavra de Deus. A ilustração tem apenas uma função
psicológica e didática, para tornar mais claro aquilo que o texto revela.
A aplicação
Enquanto a ilustração esclarece e ilumina a verdade bíblica, na
aplicação, o ouvinte é confrontado direta e pessoalmente com o ensino da
Bíblia. Através da aplicação, ele é convidado à reflexão, ao posicionamento, à
mudança pessoal diante das afirmações das Sagradas Escrituras.
A conclusão
Assim como a introdução, a conclusão merece um cuidado especial por
parte do orador, não podendo esta ser apenas o fim, mas também o ponto
culminante da preleção, que fala mais diretamente com o ouvinte.
Nessa parte, o pregador deve encerrar todos os pontos ainda em aberto,
levando os ouvintes a um pensamento final que defina todo o caminho percorrido
até então.
4. OS TRÊS TIPOS PRINCIPAIS DE SERMÃO
A homilética
tradicional classifica três tipos principais de sermão:
Sermão temático ou tópico, onde um tema serve de base para a mensagem;
Sermão textual, no qual um texto é a base para a prédica;
Sermão expositivo cujos argumentos giram em torno da exposição
exegética completa do trecho bíblico em pauta.
4.1. Sermão temático ou tópico
Ao usar o sermão tópico, divide-se o em tópicos o tema e não o texto
de onde foi extraído.
Vantagens do sermão temático:
A divisão de um tema é mais simples do que a divisão de um texto;
É o de lógica mais fácil. O sermão temático é o que mais se presta à
observação da ordem e da harmonia das partes.
Conserva melhor a unidade. A proporção entre o primeiro e o último
ponto e a relação de harmonia entre estes e o tema constituem o segredo de sua
unidade. Assim, é mais fácil ser mantido até o fim.
Presta-se melhor à discussão de temas morais, evangelísticos e
ocasionais.
Adapta-se melhor à arte da oratória.
Desvantagens do sermão temático:
Exige muito controle do pregador para evitar divagações ou
generalidades vazias;
Requer um estilo mais apurado e formal do que o sermão textual, por
exemplo;
Exige mais imaginação e vigor intelectual;
Exige mais cultura geral e teológica, pois não se limita à análise do
texto;
Exige mais conhecimentos da lógica e da dialética, e capacidade
apologética;
Exemplo de sermão tópico
Título: O amor de Deus
Texto de referência: João 3.16
Introdução:
A Bíblia não diz que
Deus sente amor, mas que Deus é amor (1Jo 4.8), ou seja, o amor é a essência de
Deus. O propósito desta explanação é mostrar as dimensões do amor de Deus pelo
ser humano.
Tópico 01
Deus cria o homem
para amá-lo e ser amado por ele – Deus amou o homem desde o princípio (1Jo
4.19)
Tópico 02
Deus amou o homem a
ponto de dar seu único Filho por ele (Jo 3.16)
Tópico 03
Deus amou o homem a
ponto de não responder a oração de seu Filho em momentos de angústia (Lc 22.42;
Mt 27.46)
Conclusão:
O amor de Deus pelo
ser humano é o motivo e propósito de toda a Bíblia. Deus ama, por isso cria.
Ama, por isso redime. Ama, por isso cria novos céus e nova terra para estar com
os seus amados. O convite desta mensagem é que todos os seus ouvintes se
entreguem a esse amor para o desfrutarem.
4.2. Sermão textual
É o sermão cuja divisão baseia-se no texto. Neste caso, divide-se o
texto e não o tema. Há três modalidades de sermão textual: natural, analítico
ou por inferência.
Sermão textual natural
As divisões são feitas de acordo com as declarações originais do
texto, da forma e na ordem em que aparecem no texto bíblico. Assim, as
subdivisões são constituídas da citação de textos.
Exemplo de Sermão textual natural
Título: Fé, amor e perseverança
Texto de referência: 1Tessalonicenses 1.2,3
Introdução:
Incentivar a igreja
ao trabalho e à perseverança na obra de Deus, tendo como modelo, motivação e
objetivo a pessoa do Senhor Jesus.
Em algumas de suas
cartas, Paulo lamentou erros doutrinários (como em Corinto), exortou ao retorno
ao evangelho verdadeiro (Gálatas), entre outras.
Mas diz que
constantemente lembra dos Tessalonicenses, agradecendo a Deus por eles e
colocando diante do Senhor o que eles haviam demonstrado.
Mas, afinal, o que
os Tessalonicenses haviam demonstrado, que marcou a vida e o coração de Paulo?
Por que eram lembrados com carinho, sendo motivo de graças e alegria, servindo
de exemplo para outras igrejas?
Quando esteve em
Tessalônica, Paulo precisou partir devido a um tumulto incitado por juDeus que
contrataram desocupados para incitar as multidões, assim, Paulo foi para
Beréia. A ausência de um líder logo no princípio, deixou a igreja sujeita às
perseguições judaicas, mas a palavra de Deus que fora plantada trouxe o gozo
necessário pelo Espírito Santo (v.6).
Vejamos, então, o
que o evangelho gerou nos Tessalonicenses, para que o apóstolo se referisse a
eles com tanta alegria:
1. “A obra da vossa fé” (v. 3)
Obra (RC) ou
trabalho (NVI) do grego ergon. Trabalho ativo, realizado, tudo o que o cristão
faz proveniente de sua fé.
É verdade que o
crente não depende de obras para ser salvo, mas da fé, porém, a verdadeira fé é
como uma raiz da qual os frutos são boas obras.
Os tessalonicenses
agiram assim, deixando que a fé produzisse obras dignas de verdadeiros crentes
em Jesus.
2. “O trabalho do vosso amor” (v. 3)
Trabalho (RC) ou esforço (NVI) do grego kopós, trabalho exaustivo,
labor, trabalho árduo, suor, fadiga.
O termo grego mostra
que o amor exige mais dedicação do que a fé, pois este não é devido somente a
Deus, mas àqueles a quem Deus ama.
Amar exige esforço,
e o texto mostra o esforço do tessalonicenses em viver este amor.
3. “A perseverança da esperança” (v. 3)
O que levava os
tessalonicenses a praticarem estas coisas em meio às perseguições? De onde
vinham as forças para perseverarem contra tudo? Pra onde é que eles estavam
olhando?
Sabiam que, se
optassem pelo mundo, a alegria do mundo teria fim, mas o que se conquista em
Cristo é para sempre.
Os irmãos de
Tessalônica sabiam que vale a pena perseverar em Jesus, mantendo firme a
esperança, a despeito de toda a perseguição ou sofrimento.
Conclusão
O que gerou tamanha
alegria no coração de um apóstolo, certamente não passou despercebido ao
coração de Deus.
A fé, o amor e a
perseverança são virtudes admiradas pelo Senhor. Procedendo assim, seremos
vistos com amor e carinho pelo Pai Celestial.
Sermão textual analítico
Baseia-se em perguntas feitas ao texto, como: Onde? Que? Quem? Por
quê? Para que? As respostas são dadas pelas declarações ou frases de que o
texto é constituído. Neste caso, os pontos principais expressam-se em forma
interrogativa.
Analisando o texto de Efésios 4.1-13, é possível compreender melhor o
conceito:
Versículo 01:
Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da
vocação com que fostes chamados.
Como viver de modo digno? Os versículos 2 e 3 respondem:
Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns
aos outros em amor, Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da
paz.
Versículo 03:
Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Por que há a necessidade de guardar a unidade? Os versículos 4 ao 6
respondem:
Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só
esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só Deus
e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.
Versículos 07 e 08:
Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de
Cristo. Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos
homens.
A que dons o apóstolo se refere? O versículo 11 responde:
E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores.
Qual a finalidade destes dons? Os versículos 12 e 13 respondem:
Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao
conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa
de Cristo.
Sermão textual por inferência
As orações textuais são reduzidas a uma expressão sintética ou palavra
que encerra o conteúdo, sendo, portanto, a essência da frase ou declaração.
Esta modalidade presta-se à análise de textos que não podem ser divididos
naturalmente.
Por exemplo: Salmo 91.1,2
“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo à sombra do Onipotente
descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio e a minha
fortaleza e nele confiarei”.
Expressão sintética: Confiança na segurança da presença de Deus.
Vantagens do sermão textual:
É profundamente bíblico;
Exige do pregador um conhecimento profundo das Escrituras;
Obriga o pregador a estudar constantemente a Bíblia.
É o que mais se presta à doutrinação dos cristãos.
É o que mais se adapta ao pregador de cultura mediana, mas com vasto
conhecimento das Escrituras e de certos tratados teológicos.
É muito apreciado pelo povo.
4.3. O sermão expositivo
O sermão expositivo tira da Palavra de Deus os argumentos principais
da exegese ou exposição completa de um trecho mais ou menos extenso. O Dr. C.
W. Koller, famoso professor de homilética, define o sermão expositivo com estes
dois argumentos:
1. O 'Sermão Expositivo'
consiste da 'Exposição' mais aplicação e persuasão (argumentação e exortação).
Uma 'exposição' torna-se um sermão, e o mestre torna-se pregador, no ponto em
que é feita uma aplicação ao ouvinte, com vistas a alguma forma de resposta, em
termos de fé ou entrega.
2. O 'Sermão Expositivo'
extrai os seus principais pontos, ou o subtítulo dominante de cada ponto
principal, do particular parágrafo ou capítulo do livro da Bíblia de que trata.
C. W. Koller.
O esboço do sermão expositivo consiste em uma série de idéias
progressivas que giram em torno de uma idéia principal, interpretando uma
passagem considerável das Ecrituras.
Características do sermão expositivo:
Unidade. Não é um mero comentário de textos bíblicos e, sim, uma
análise pormenorizada e lógica do texto sagrado.
Presta-se melhor à exposição contínua de um livro bíblico inteiro ou
de uma doutrina.
É de grande valor para o desenvolvimento do poder espiritual e da
cultura teológica do pregador e de sua congregação.
Inclina-se mais à interpretação natural das Escrituras do que à
alegórica.
É o método mais difícil, apreciado pelos que se dedicam à leitura e ao
estudo diário e constante da Bíblia.
Exemplo de sermão expositivo:
Tema: A Igreja de Cristo segundo a Carta aos Efésios
Texto de referência: A carta aos Efésios
Introdução
A carta aos Efésios
fala a respeito da igreja. A primeira parte, do capítulo 1 ao 3, fala da
existência da igreja como um mistério de Deus, tratando de sua origem e de suas
virtudes espirituais.
A segunda parte,
capítulos 4 a 6, trata do viver digno de quem faz parte de tão grandiosa bênção
espiritual. É um tratado ético e social que o apóstolo registra nas páginas
deste livro.
O propósito deste
sermão é traçar um paralelo de dependência entre os mistérios espirituais revelados
pelo apóstolo e o viver social exigido por ele.
Conclusão
A grandiosidade
transcendental envolvida na edificação espiritual da Igreja de Cristo culminado
com a Sua morte é a mesma grandiosidade presente que a capacita para uma vida casta,
que condiga com a importância de sua vida Pregação e o Pregador
Comentários
Postar um comentário